Depois de um longo e duro processo de negociações (iniciado em 2018), entre a AMQC e a CMC/Cascais Ambiente, foi com enorme satisfação que, na passada semana, recebemos a informação que se iriam iniciar os trabalhos de recuperação integral do Poço/Moinho da Quinta da Carreira.
Representando a mais antiga memória da nossa terra, o Poço (identificado em Carta Militar de 1778) e toda a evolução que este foi tendo ao longo dos tempos e as alterações a que foi sujeito, registam o desenvolvimento que, a propriedade então denominada “Cazal e Quinta da Carreira”, foi tendo ao longo dos anos.
Conforme descrito pelo Administrador do Concelho de Cascais, Pedro Barruncho, em 1873, acerca das melhorias feitas no “Cazal e Quinta da Carreira”, pelo então novo proprietário, Sr. Marques Leal, este, “tornou óptimo e elegante o único e mau poço do lugar”, transformando uma pedreira, “numa das mais lindas e rendosas propriedades do paiz”
Alguns anos mais tarde, na primeira década do Sec. XX, a nora movida a tracção animal, era substituída por um extraordinário e inovador Moinho de Armação (tipo americano) cuja função era bombear água para armazenar no recém construído Tanque, onde hoje temos o Campo de Jogos.
O Poço sofreria ainda mais duas alterações, passando da utilização de energia eólica do Moinho, para uma bomba a gasóleo e finalmente pela electrificação.
Mas, com o passar dos tempos, e em resultado do fim da exploração agrícola da Quinta da Carreira, o moinho acabou por cair (sendo posteriormente removido) e o edifício do Poço foi-se degradando até aos dias de hoje.
Entretanto, com a criação do projecto do Parque Urbano da Quinta da Carreira, e agora, com a obra de recuperação do Poço e do Moinho, os Moradores da Quinta da Carreira poderão finalmente, concretizar o sonho de ver recuperada parte da sua história e da história da sua terra.
Como referido anteriormente, este foi um processo longo e duro que exigiu, da Direção da AMQC, um intenso trabalho de procura de informação que pudesse contribuir para, de uma forma inequívoca, esclarecer o que era, para que servia e como funcionava, o antigo e degradado edifício que sempre identificamos como “Moinho” da Quinta da Carreira.
Das mais variadas origens, recebemos: relatos escritos, fotos, documentação, referências bibliográficas, indicações de alguém “que poderia saber”, etc.
Foram meses de uma procura incessante, de muita colaboração de: entidades públicas, instituições privadas, ex-autarcas, sócios da AMQC, outros moradores, amigos e muitos desconhecidos que se dispuseram a ajudar a encontrar informação suficiente, histórica e fotográfica, para que o projeto final, respeitasse o mais possível, tanto a arquitetura original como a funcionalidade do Poço/Moinho da Quinta da Carreira.
E porque é de inteira justiça, queremos agradecer:
A todos quantos nos ajudaram a concretizar este sonho;
Ao Guilherme Cardoso, pelas fundamentais fotos e enquadramento histórico;
A toda a Equipa da CMC/Cascais Ambiente, na pessoa do seu Presidente, Dr. Carlos Carreiras, pela paciência e assertividade com que atenderam à insistência e resiliência da Direção da AMQC;
E por fim, um enorme agradecimento a todos os membros dos Órgãos Sociais da AMQC, pela persistência e dedicação sempre demonstrada, na luta pela concretização de um sonho antigo dos moradores da Quinta da Carreira.